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Rota da Terra Fria Transmontana – Descobrir um território onde impera a identidade cultural

26 Março 2015

A Rota da Terra Fria Transmontana propõe ao visitante um conjunto de experiências num território que abrange cinco concelhos: Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro. Uma identidade regional pautada por sabores, saber-fazer, paisagens e cultura. Pedro Morais, Responsável de Marketing e Comunicação da Rota, aborda ao Café Portugal a iniciativa «Escapadinhas», uma oferta que segue o ritmo das estações. O objectivo passa por captar mais turistas e com um público-alvo bem definido: Lisboa.

Café Portugal – Em 2015 completam-se 14 anos desde a criação da Rota da Terra Fria Transmontana. Volvidos estes anos que impactos visíveis se registaram com a implementação da iniciativa?

Pedro Morais - Recordo que, formalmente, a Rota da Terra Fria Transmontana, foi criada em 2001, sendo que, depois, houve durante um período, até 2007, uma fase de execução, de implementação de infra-estruturas, no sentido de proceder a melhoramentos no território e potenciar a atractividade turística. Refiro-me, nomeadamente, à melhoria dos percursos, investimento na requalificação urbana, como em largos e fachadas, nos centros históricos como Vinhais, Bragança e Miranda do Douro. Foram, inclusivamente, lançados projectos estruturais neste âmbito, como o Parque Biológico de Vinhais, lançado pela Rota. Chegados a 2007 houve então a inauguração oficial do percurso, tendo sido feita, nessa altura, uma campanha de publicidade, com o lançamento de guias, desdobráveis, o portal da Rota e os quiosques multimédia em todo o território.

C.P. – Portanto, uma oferta mais integrada.
P.M. – Sim, sem dúvida. Houve o cuidado de munir o território para oferecer as condições mínimas ao turista.

C.P. – Entre 2007 e hoje houve esta evolução de que fala, de dotar o território de equipamentos. Entre essa data e o momento actual que evolução e mudanças destaca?
P.M. - A Rota é promovida pela Associação de Municípios da Terra Fria (Bragança, Vinhais, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro) e, nesta medida, houve também a necessidade de readaptar este projecto a esta nova realidade que passou por ampliar toda a ideia para o concelho de Mogadouro, que entrou apenas em 2008. Até esta data foi este o historial da Rota. Nesta altura, procedemos a novas candidaturas, nomeadamente ao PROVERE, e conseguimos financiamento para fazer agora uma actualização deste produto.

Mais de 400 quilómetros de caminhos para descobrir:
C.P. – Em termos geográficos estamos a falar de que dimensão do território?
P.M. – O percurso da Rota, neste momento, tem cerca de 450 quilómetros e circunda cinco concelhos: Bragança, Vinhais, Vimioso, Miranda do Douro e Mogadouro.

C.P. – Neste momento estão a trabalhar com que verbas?
P.M. – Preferia não avançar com verbas concretas. Mas posso adiantar que tivemos vários projectos aprovados com financiamento comunitário e que é aplicado para a vertente mais comercial. Houve uma campanha em 2007, de marketing territorial, mas que em termos de dados concretos turísticos para a região, não foi possível obtê-los. Assim, houve um cuidado de transformar este produto em algo mais integrado. E é daí que nasce os programas das «Escapadinhas na Rota da Terra Fria Transmontana».

C.P. – Fale-me deste projecto consoante as várias estações do ano e em que medida é diferenciador?
P.M. - O projecto nasceu da necessidade que a Associação de Municípios percebeu que havia no tal défice de informação que existia. Tínhamos campanhas, mas depois não havia dados concretos. O que fizemos foi transformar o produto em algo integrado, que envolvesse vários aderentes (alojamentos, restauração, actividades turísticas, etc.), e que foram seleccionados no âmbito do território. Criámos depois um programa concreto para as pessoas adquirirem com vantagens concretas, a nível do preço, e que é mais competitivo se as pessoas fizerem isso individualmente. Os programas envolvem as dormidas, a restauração e actividades e a parte de guia.

C.P. – Estamos a falar de uma oferta integrada em todas as quatro «Escapadinhas» (Verão, Outono, Inverno e Primavera). Foi fácil juntar todos estes agentes?
P.M. - Neste momento falamos de 40 entidades privadas e alguns museus e organizações públicas. Houve, de facto, este cuidado para oferecermos ao cliente um produto «chave-na-mão», ao nível de todas estas valências no pacote turístico. Contudo, se o cliente, a nível nacional, não gostar de fazer os programas tal como estão delineados, as pessoas podem adquirir só a parte do alojamento. E podem incluir ou retirar coisas. A única coisa de que não podem prescindir é o território e a Rota.

C.P. – Colocar uma estratégia desta dimensão no território deve ser complicado, já que envolve dezenas de entidades. Tiveram dificuldades em fazer este trabalho em rede?

P.M. - É um projecto muito difícil de montar, que envolve muitos pormenores e entidades. Mas como não há nenhum custo para os aderentes, para alguns foi fácil, já que lhes dá uma exposição mediática e clientes de forma gratuita.

C.P. – Qual tem sido o impacto da Rota na economia regional e no turismo?
P.M. - Em termos comerciais directos não tem sido o que estávamos à espera. Esperávamos melhor, em termos de vendas do próprio produto em si. No entanto, a vertente de vendas é totalmente feita por agentes locais, que também estão a evoluir com este processo, perspectivando-se que os resultados venham crescendo em função da consolidação da marca e do produto e também da sua integração em programas de operadores nacionais. Mas esse balanço só será feito no final das quatro Escapadinhas. Vamos na terceira e ainda falta a da Primavera. Provavelmente, no caso de outras entidades nacionais, estas ficariam satisfeitas pela notoriedade que têm tido. Mas, para nós, isso não é suficiente. Muita gente tem contactado a Rota para a conhecer melhor. Mas muitos fazem a Rota mas não adquirem a «Escapadinha» e, para nós, isso não faz sentido, porque é um produto integrado com efectivas vantagens no preço e na oferta apresentada ao cliente.

Lisboa, um público-alvo:
C.P. – Qual é a taxa de procura de clientes nacionais e estrangeiros?
P.M. – A campanha das «Escapadinhas» é exclusivamente nacional, com enfoque no mercado de Lisboa, onde sentimos que existe algum afastamento de Trás-os-Montes. É um dos públicos-alvo da campanha e que pretendemos contrariar.

C.P. – E o mercado externo?
P.M. – Sim, também é uma meta. Participamos em feiras em Castela e Leão e na própria Galiza, sendo que são também o primeiro objectivo em termos de mercado externo.

C.P. – Têm alguma parceria com a Turismo Porto e Norte de Portugal nesta matéria?
P.M. – Fizemos um acordo com a Turismo Porto e Norte em que existe esse compromisso para haver uma promoção conjunta para o mercado externo, no âmbito das lojas de turismo que existem no exterior, como é o caso de Santiago de Compostela, e em algumas feiras internacionais.

C.P. – Esta é já uma marca com notoriedade?
P.M. – A marca Rota da Terra Fria Transmontana existe há muito. Em 2007 quando fizemos a campanha já referida anteriormente, sentimos, de facto, que houve uma notoriedade da marca.

C.P. – E sentem que é fácil atrair pessoas à região?
P.M. - Temos várias elementos que são diferenciadores em termos de território. E isso é uma vantagem mas acho que os portugueses ainda não a viram.

C.P. – Mas porque não querem ver ou não a conhecem?
P.M. - Porque não a querem conhecer e, talvez, preferem ir para o estrangeiro ao invés de conhecer o país. É essa, pelo menos, a impressão que temos. Se olharmos para o território da Rota, temos dois parques naturais (parque de Montesinho, Bragança e Vinhais) e o Parque do Douro Internacional (que abrange o Douro em Miranda do Douro e Mogadouro). Temos o mirandês, os pauliteiros os caretos, 6 castelos visitáveis e património único como a Domus Municipalis em Bragança. E isto é distintivo. Mas em termos turísticos não há esse lado. Há sempre uma inibição em vir para Trás-os-Montes.

C.P. – Há um estigma?
P.M. – Provavelmente há, ainda existe a ideia de que Trás-os-Montes é um «país à parte». Obviamente que temos esta identidade mas temos uma realidade completamente diferente daquela ideia que talvez ainda impera no subconsciente de muitas pessoas e, este produto também pretende desmistificar isso, mostrando um destino preparado onde se alia a modernidade com a identidade. E depois temos eventos que se destacam, como a Feira do Fumeiro de Vinhais, que traz à região milhares de pessoas todos os anos. E isto traz imensas mais-valias não só para as unidades de alojamento, mas também para a restauração. E há várias actividades a decorrer o ano inteiro, como oficinas das máscaras em madeira, oficinas do pão, da bola mirandesa, de construção de instrumentos musicais (as gaitas-de-foles, por exemplo) e é essa identidade que queremos passar. Além disso, recordo que os clientes que compram as «Escapadinhas» recebem uma «Maxi Box» (normalmente no local do alojamento) que inclui produtos da região, como sabonete de leite burra, mel de Montesinho, creme de castanha e uma navalha de Palaçoulo, entre outros..