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Aldeia em Miranda do Douro sem médico há dois meses

2014/03/23

23-03-2014|Porto Canal

A população de Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, reclama a reposição de um médico na extensão de saúde local, numa altura em que a localidade se vê privada de um clínico há cerca de dois meses.

“Sem dúvida que o médico faz extremamente falta numa aldeia como Palaçoulo. A população está envelhecida, e só a deslocação aos centros de saúde de Miranda do Douro ou Mogadouro é já por si é dolorosa. Nem todos têm meios disponíveis, quer económicos quer de mobilidade, para procurar um médico”, explicou à Lusa Adriano Cangueiro, habitante de Palaçoulo.

A extensão de saúde de Palaçoulo abrange igualmente a aldeias vizinhas de Prado Gatão e Águas Vivas, num total de cerca de 600 habitantes.

Um médico do quadro do Centro de Saúde de Miranda do Douro deslocava-se dois dias por semana a Palaçoulo para atender os utentes.

Na aldeia, todos falam na necessidade de um médico, já que nela se encontra instalada bastante indústria “e nem todos podem dar-se ao luxo de tirar um dia de trabalho para pedir uma receita ou fazer uma consulta de rotina”.

Arnaldina Pires diz que o médico de família é uma necessidade “imperiosa” para a população.

“Tive de fazer umas análises e durante mês e meio estive sem médico para me ver os resultados. Só consegui que os vissem na consulta aberta em Miranda do Douro, tinha alguns valores altos e por esse motivo tive de ir de urgência para o Hospital de Mirandela, para fazer uma ecográfica à tiroide “, frisou a utente.

Na localidade, a falta de médico é a conversa do dia, já que os habitantes da aldeia não “abdicam do médico de família” e muito menos querem ouvir falar “no possível encerramento da Extensão de Saúde”.

Rosalina Afonso acrescenta que há pessoas que podem não ter dinheiro para pagar uma deslocação ao centro de saúde mais próximo, que fica a mais de 20 quilómetros, no caso de Miranda do Douro. Já a deslocação a Mogadouro são 35 quilómetros

O presidente da Junta de Freguesia de Palaçoulo, Manuel Gonçalves, avançou que foram tomadas “diligências” no sentido de esclarecer a situação, e que o assunto está a ser acompanhado com “relativa tranquilidade”.

Contactada a pela Lusa, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste refere por escrito que se deparou com uma baixa de dois médicos do quadro do Centro de Saúde de Miranda do Douro, onde está integrada a referida extensão, um deles por motivo de falecimento e o outro por ter solicitado a exoneração de funções.

“Assim, e de acordo com os recursos humanos disponíveis neste momento na área clínica, a ULS Nordeste está a avaliar a solução mais adequada para que a Extensão de Saúde de Palaçoulo possa contar com a deslocação regular de um médico, tal como acontecia até aqui, no mais curto espaço de tempo possível”, avançou o Conselho de Administração da ULS Nordeste.

Até que a situação possa ser restabelecida, os utentes da referida Extensão de Saúde serão assistidos no Centro de Saúde de Miranda do Douro, na qual está integrada.