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Miranda do Douro quer revalorizar capa de honras

2015/01/21

05-01-2015| DESCLA

A Câmara de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, quer revalorizar a capa de honras mirandesa, uma peça “única” do vestuário tradicional, e para isso vai convidar portugueses e espanhóis a envergar o traje no dia 21 de março. O objetivo é saber quantas capas existem e qual a sua antiguidade, revelou à agência Lusa o presidente da autarquia, Artur Nunes.

O município vai associar-se às regiões espanholas de Aliste e Zamora, onde também se veste a capa de honras.

O número de capas de honras mirandesa “é indeterminado”. No entanto, ao longo dos tempos “muitos exemplares foram feitos” e transitaram de geração em geração, assumindo-se como um valor familiar de relevante importância, sublinha o autarca.

Um adepto assumido da capa de honra mirandesa é o bispo da diocese de Bragança-Miranda, José Cordeiro. “É uma feliz iniciativa do município de Miranda do Douro, em criar um dia para promover e divulgar a capa de honras”, afirmou.

Segundo o investigador António Rodrigues Mourinho, a capa de honras mirandesa tem origem na região espanhola de Leão, no século IX ou X, tendo nascido da ‘capa de chiba’, que traduzido do espanhol para português quer dizer ‘capa de cabra'”, explicou.

Outra teoria defende que a vestimenta poderá ter surgido da capa pluvial de Arperjes, usada nos mosteiros das Terras de Leão, também em Espanha.

A capa de honras mirandesa é uma peça de grande valor etnográfico feita de pura lã de ovelha (burel) e requer um trabalho minucioso por parte de quem a confeciona, devido à sua complexidade.

Aureliano Ribeiro é um dos costureiros que ainda confecionam esta peça. Diz que uma capa de honras poderá demora mais de duas semanas a cortar, decorar e costurar. O preço pode ir além dos 600 euros.

Atualmente, o traje é apenas utilizado em cerimónias protocolares ou atos de importância relevante. No entanto, é usual oferecer uma capa de honras as pessoas distintas que visitam o município de Miranda do Douro.