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Escavações mostram importância do Castelo de Miranda do Douro na defesa da fronteira

2018/12/20

Miranda do Douro, Bragança, 20 dez (Lusa) – Os arqueólogos que realizam escavações no antigo Castelo de Miranda do Douro fizeram hoje um “balanço positivo” dos primeiros meses de trabalho que permitiu descobrir a importância daquela estrutura na defesa da linha de fronteira.
"Fazemos um balanço bastante positivo destes dois meses de escavações no antigo Castelo de Miranda do Douro. Para além das estruturas defensivas que esperávamos encontrar, apareceram outras que não estavam referenciadas nas plantas da fortaleza, e que demonstram que este baluarte foi palco de diversas batalhas e que a destruição e reconstrução foram um processo constante até 1762", explicou a arqueóloga Mónica Salgado.
Segundo os investigadores, em maio de 1762, num momento em que a praça tentava resistir às investidas das tropas espanholas no decurso da Guerra dos Setes Anos, o paiol explodiu, levando consigo alguns troços de muralhas e outros edifícios que não mais se reconstruíram.
"Têm aparecido novas estruturas para as quais ainda não temos explicação, já que é preciso algum estudo. Ainda persistem algumas dúvidas", vincou a arqueóloga.
Os arqueólogos procuraram plantas e outros documentos em arquivos espanhóis e portugueses para melhor compreender a construção daquela que é considerada uma das maiores fortificações da linha defensiva na fronteira no Nordeste Transmontano.
Por seu lado, o arqueólogo Rui Pinheiro garantiu que desde o século XV ao século XVIII as modificações na estrutura defensiva são mais notórias devido às mudanças verificadas no campo de batalha, com utilização de novas armas e novas técnicas.
"Esta fortaleza devido à sua importância estratégia foi sofrendo alterações defensivas desde do século XI até ao século XVIII, altura em deixou de ter importância militar", avançaram os arqueólogos intervenientes nas escavações.
De acordo com os investigadores, em 1780, foi enviado a Miranda do Douro um perito verificar o estado do Castelo, aconselhando que não se deveria investir mais na sua restruturação, já que não havia necessidades defensivas contra o invasor castelhano.
Outra das teorias que foi apontada inicialmente foi o soterramento de três companhias de militares no local onde decorrem as escavações, e de onde os arqueólogos retiram a conclusão de que não passa de "um mito histórico".
Estas escavações "são um desejo antigo dos mirandeses” para melhor perceberem a sua história e o seu passado, já que se trata de uma área de 6.000 metros quadrados. Nesta fase, a intervenção decorre numa área de cerca de 1.000 metros quadrados.
A intervenção resulta da Operação Castelos a Norte, cofinanciada pelo Programa Norte 2020, na qual se inclui a intervenção no Castelo de Miranda do Douro, agora a decorrer.
O orçamento global da Operação Castelos a Norte (que engloba o Castelo de Montalegre, o Castelo de Monforte de Rio Livre (Chaves), o Castelo de Outeiro (Bragança), o Castelo de Mogadouro e o Castelo de Miranda do Douro é de 2,3 Milhões de Euros.
A Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), em parceria com o município de Miranda do Douro, deu início às escavações e sondagens arqueológicas há cerca de duas semanas em cerca de 6.000 metros quadrados, numa área envolvente à antiga fortificação da cidade.

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Lusa/fim