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Património Arqueológico

A arqueologia é uma ciência que analisa tudo o que o homem tateou e construiu, observando os vestígios físicos, e hoje, é sobretudo uma ciência interdisciplinar, empregando diversos conhecimentos em outras áreas para a construção do seu saber (Antropologia, Antropologia Forense, Arqueobotânica, Etnografia, Física, entre outras). Com o tempo, esta ciência vai-se especializando e ramifica-se em diversos ramos do conhecimento científico, criando-se a Arqueologia Ambiental, Arqueologia Cognitiva, Arqueologia Industrial, Arqueologia da Paisagem, ...
O concelho de Miranda é riquíssimo em património arqueológico, o qual expressa a memória e a identidade de uma comunidade.
O património arqueológico do concelho de Miranda do Douro expõe diversas épocas, desde o Paleolítico Superior até à Idade Contemporânea.
O concelho de Miranda do Douro desde cedo terá sido ocupado pelo Homo Sapiens Sapiens. O Abrigo da Solhapa, em Duas Igrejas, e os sítios arqueológicos Telhada e Silva Milana, ambos em Picote, surgem como vestígios arqueológicos que atestam a presença do Homem Moderno nesta vasta área, dos períodos cronológicos Neolítico e Calcolítico. A Idade do Bronze é evidenciada pelo sítio arqueológico Aguçadeiras, em Atenor e pela presença de Castros, povoados fortificados, como o Castro da Cigaduenha em Vila Chã da Braciosa e o Castro de São João das Arribas em Aldeia Nova. Estes estabelecem-se cronologicamente no final da Idade do Bronze. São as primeiras evidências dos povos sedentários, dedicados à pecuária e à pastorícia. Na Idade do Ferro, estes castros associam-se a outros localizados nos vales, de menor dimensão e espalhados pelas arribas do Douro (proteção natural).
As populações refugiam-se nos vales profundos e os vales servem de alimento aos seus animais. Plínio, historiador romano do Século I a.C., denomina os habitantes dos castros mirandeses como pertencentes à comunidade Zolae. Este povo, posteriormente, foi romanizado e a sua sede estaria localizada em Castro de Avelãs, concelho de Bragança. Temos como exemplos de ocupação do espaço na Idade do Ferro, os seguintes sítios arqueológicos: o Castro de São João das Arribas, em Aldeia Nova; Castro de Vale de Águia, em Vale de Águia; Casa do Quinteiro, em Duas Igrejas; Castralheiras, povoado fortificado; Castrilouço, em Paradela; Castrilhouço, em Vila Chã da Braciosa; Castro de São Martinho de Angueira, em São Martinho de Angueira; Coroa, em Miranda do Douro; arte rupestre, a Fraga do Puio, em Picote; Penhal da Torre, muralha, em Paradela; Penhal Castro, em Palaçoulo; Raio, em Miranda do Douro; Rodela, em Ifanes, Arte Rupestre e o Castro da Nossa Senhora da Luz, em Constantim. Alguns destes castros terão sido romanizados. Existem sítios arqueológicos, estabelecidos cronologicamente na Época Romana: Castelo das Escaladas em Picote; Faceira, em Duas Igrejas; Fonte do Amador, em Duas Igrejas; Palaçoulo; Vila de Picote, em Picote; Senhora do Monte, em Duas Igrejas; Touro, em Ifanes; Trampas Carreiras, em Sendim; Urreta Malhada, em Malhadas e Vinha do Padre, em Duas Igrejas. No período romano, a região foi dotada de rede viária (Carril Mourisco). Os castros foram quase todos abandonados e foram introduzidos novos produtos, como o vinho e o azeite, frutas e cereais. Após o domínio romano, século V, o território mirandês terá sido ocupado pelos suevos e visigodos, e no século VIII, ocupado pelos muçulmanos, sendo também neste século, que se dá a Reconquista Cristã. Nesta reconquista, são erigidas fortificações e uma delas, localizava-se em Miranda do Douro. Esta fortificação seria posteriormente incorporada no castelo. Em meados do século XI, a região mirandesa vai sendo ocupada pelos Senhores de Bragança, que se apropriam de terras de acordo com o recuo dos muçulmanos. No âmbito da independência de Portugal no interior do reino asturiano-leonês, os Senhores de Bragança, foram atraídos à corte dos primeiros reis de Portugal e através de favores régios (casamentos e concessão de governo de terras) viram os seus territórios incorporados no Reino Portucalense. Durante a Idade Média, o território é repovoado e em meados do século XIII, organizam-se em paróquias, Vila Chã da Braciosa, Malhadas, Paradela e Ifanes. Outras povoações já se encontravam estabelecidas, mas fora da rede paroquial, como Picote, Sendim e Cércio. S. Martinho de Angueira pertencia aos frades de S. Martinho de Castanheira, do lago da Sanábria, que a tinham povoado no reinado de D. Sancho II. Em 1286, D. Dinis funda a vila de Miranda e inicia a edificação do castelo, passando a ser um importante ponto estratégico militar e posteriormente, também, comercial. Em 1545, Miranda do Douro torna-se cidade e capital da diocese, pois centralizava funções diversas. D. João III manda erigir a Sé Catedral de Miranda, iniciando a vinda de clérigos e como sede da comarca, muitos oficiais régios também se deslocam para Miranda do Douro. Durante o período de tempo decorrido até 1762, Miranda do Douro é muitas vezes tomada pelos espanhóis e posteriormente retomada. Muitos saques e outros atos violentos foram praticados por ambas as partes. Em 1762, no decorrer da Guerra dos Sete Anos, Miranda do Douro é tomada pelo exército espanhol, iniciando-se assim o seu declínio. Parte da cidade foi destruída, muralhas derrubadas e um grande número de vítimas mortais. Em 1764, o 23º bispo, D. Frei Aleixo Miranda Henriques, abandona a cidade de Miranda e desloca-se para Bragança, ficando ambas como sedes episcopais até 1780, data em que apenas Bragança fica como sede episcopal. Até à construção da Barragem de Miranda, no início dos meados do século XX, Miranda do Douro vive atormentada pelo seu passado. A construção da barragem e da ponte dão novo alento à cidade, que recupera dinâmica populacional, comercial e o que aí advém.