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Concatedral de Miranda do Douro

A Antiga Sé de Miranda do Douro, atualmente Concatedral de Miranda do Douro está classificada como Monumento Nacional, desde 1910 (Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 1.ª série, n.º 185 de 09 agosto 1957). Tipologicamente, insere-se na arquitetura religiosa. Caracteriza-se por ter uma planta cruciforme, com três naves separadas por pilares e com frontispício harmónico. Este edifício foi mandado construir pelo D. João III, assim como as Sés de Leiria e Portalegre. Nestes edifícios, entrecruzam-se vários estilos: gótico, renascimento e maneirismo.
A vila de Miranda do Douro foi elevada a cidade e a sede de diocese em 1545, pelo que se torno necessária a edificação de um novo templo. Em 1540, nasceu o projeto da Catedral e, em 1552, foi lançada a primeira pedra, sob a direção de Gonçalo de Torralva e Miguel de Arruda. Apresenta uma fachada harmónica, ladeada por duas torres e o interior, surge com três naves abobadadas à maneira gótica, com cruzaria de ogivas de nervuras visíveis. O retábulo-mor é uma obra seiscentista, terminada em 1614, de autoria de Gregório Fernández. O cadeiral, com quadros pintados nos respaldos, é barroco, de estilo nacional.
Até 1762, a história da cidade foi bastante atribulada, pela sua condição de fronteira, existindo diversas guerras com a vizinha Espanha, que ocupou a cidade em 1762, e foi essa última ocupação, que levou à mudança da diocese para Bragança, em 1780.
O portal principal é de arco pleno encimado por janelão moldurado de motivos geométricos. Estes são ladeados por duas ordens de colunas existindo no registo superior dois nichos. A fachada possui ainda quatro janelas duas em cada registo. Ao alto destaca-se uma balaustrada. Duas torres ladeiam a fachada e dividem-se em três registos. No primeiro, uma janela semelhante às atrás descritas, enquanto no segundo uma ventana para sino. Por cima da cornija foi erigido um campanário. Os alçados laterais E. e O. encontram-se rebocados possuindo pequenos portais coevos à fundação e quatro janelas na zona do transepto que, no entanto, são insuficientes para uma correta iluminação. O alçado posterior mostra a capela-mor e as laterais em cantaria iluminadas por janelas, possuindo a ousia duas do lado do evangelho e uma outra no lado oposto. O interior é de três naves com quatro tramos com abóbada nervada sustentada por seis pilares toscanos formadas por quatro colunas adossadas. O pavimento é lajeado. Do lado do Evangelho apresenta-se o altar das Relíquias, datado de 1664. Dois púlpitos sobressaem no cruzeiro do transepto sendo o olhar atraído para a capela-mor que se inicia logo no cadeiral denotando com isso uma enorme profundidade. O retábulo do altar-mor é formado por dois conjuntos de colunas coríntias que enquadram a zona central dedicada à Assunção de Nossa Senhora. O conjunto termina com ático preenchido com representação do "Calvário". Do lado da Epístola encontra-se o retábulo de Nª Sª dos Remédios. O altar é constituído por dois registos de edículas enquadradas por duas colunas. O ático enquadra um janelão da capela dedicada a Nª Sª dos Remédios. Ainda deste lado do templo encontra-se o retábulo dedicado ao Santíssimo Sacramento. (Fonte: DGMN)
Dados cronológicos: 1545 - Bens do Mosteiro de Castro de Avelãs concedidos como base do património do cabido de Miranda; 1546 - D. João III anexa o Mosteiro de Castro de Avelãs e respetivas rendas ao cabido de Miranda; 1547 - O cabido da Sé envia carta a D. João III dando-lhe conta que Gonçalo Torralva tinha ali ido com o debuxo da obra que o rei mandava fazer na Sé e o Bispo de Miranda agradece ao rei o desenho que lhe enviara para a fatura da Sé; 1548, 18 março – carta do Bispo de Miranda ao rei, agradecendo-lhe o conserto que mandara fazer na Sé; 1549, 4 fevereiro - Carta do Bispo ao rei, pedindo-lhe que envie os mestres que hão-de fazer as obras; 1549, 31 Maio - O Bispo de Miranda remete ao rei o risco que este lhe enviara, "porque é tão sumptuoso que se não poderá acabar em vida dos presentes"; 1554 - Lançada a primeira pedra da catedral com projeto dirigido por Pedro de la Faia e Miguel de Arruda; 1566 – O bispo D. António Pinheiro sagra o altar-mor; 1582 - Derrubada a torre da velha Igreja de Santa Maria para aproveitar a pedra para a Sé; 1609 - Bispo D. Diogo de Sousa escreve ao Papa dizendo que a Catedral estava bem construída e edificada; 1610 / 1614 - Executado o retábulo do altar-mor por Juan de Muniategui são desenhos provavelmente por Gregório Fernandez, em Valladolid; 1627 - Alonso Ramesal de Zamora pinta a sacristia; 1629 – existência de um órgão no coro; 1637 - Alonso Ramesal pinta o retábulo do altar-mor; 1664 - Data do altar das Relíquias; 1672, cerca - feitura do retábulo do Santíssimo Sacramento, pelo entalhador Francisco Lopes de Matos, por 325$000; 1681, 16 agosto - segundo acórdão do Colégio Capitular, foi dada a obra da tribuna de Nossa Senhora dos Remédios a Francisco Lopes de Matos; 1684 - Foi necessário vender as pratas e paramentos pontificais para custear as obras; 1688, 6 novembro - execução de um órgão a um organeiro de Chaves, por 2000 cruzados, tendo que ser semelhante ao de São Francisco de Zamora; 1696 - feitura do órgão por Geraldo Vieira Porto de Braga; 1702 - referida a existência de dois órgãos; 1749 - Iniciam-se as obras de ampliação da capela-mor; 1754 - Obras da capela-mor concluídas; 1764 - A sede diocesana passa a ser Bragança; 1780 - Miranda passou a ser uma reitoria com reitor e pároco. ARQUITETOS: Gonçalo Torralva (1547), Pedro de la Faia e Miguel de Arruda (1554). ENTALHADORES: Juan de Muniategui (1610-14), Francisco Lopes de Matos (1672-81). IMAGINÁRIO: Gregório Fernandez (1610-14). ORGANEIRO: Geraldo Vieira Porto (1696). PINTOR: Alonso Ramesal (1627-37). DGEMN: 1946 - transporte do relógio da torre do antigo Convento da Madre de Deus, em Lisboa, para a Igreja; execução da porta N., apeamento e montagem de um dos altares laterais e reparação da cobertura; 1948 - restauro e colocação de relógio e sino na torre, limpeza de cantaria da torre, reparação de dois altares de talha; 1949 - Reparação da cobertura; 1950 - reconstrução do pavimento do coro; reparação de rebocos interiores; 1951 - assentamento de balaústres no coro; 1954 - iluminação dos altares; 1955 – reparação de dois vitrais da capela-mor; 1957 - Conservação de telhados e reparação do pavimento da sacristia do lado N.; 1959 / 1962 - reparação da rede eléctrica e restauro de pavimentos; 1963 - reconstrução de duas gárgulas de cantaria; 1967 - reparação da cobertura e abóbada da sacristia do lado S.; 1970 - reparação da cobertura e dos cadeirais da capela-mor; 1971 - consolidação da estrutura dos altares; 1973 - reconstrução da cobertura da capela do lado N.; 1974 / 1975 - conservação da cobertura e dos rebocos interiores; 1978 - conservação diversa; 1979 - reconstrução de parte da balaustrada de cantaria; 1980 - levantamento e assentamento de telhados; 1982 - valorização dos paramentos exteriores. O órgão está identificado com uma inscrição declarando que "Geral do Vieira do Porto, nascido em Braga, fez este órgão, 1696", não se sabendo, no entanto, se ele construiu a parte sonora ou entalhou a caixa. (Fonte: SIPA).
A Sé de Miranda do Douro foi edificada após a destruição da antiga igreja medieva Santa Maria, a Maior.
Na intervenção arqueológica realizada em 2008 e 2009, foi identificada uma necrópole, de cronologia Baixo-Medieval/Moderna, cuja barreira temporal se situa entre finais do século XIII e meados do século XVI, data do início da edificação da Sé. Nas sondagens realizadas, foram ainda identificadas sepulturas antropomórficas na rocha base, que permitem conferir a utilização como espaço sagrado do local em tempos anteriores à construção da Igreja medieval, de Santa Maria (séculos X e XI). No acompanhamento arqueológico foram definidas estruturas, salvaguardadas, de obras de acrescento à estrutura da Sé.

 

 1965 obras no pavimento da nave alberto da silva bessa 1973 apos obras mpc 1982 braço do transepto amadeu astorga viana fachada lateral direita 1988 gs orgão de tubos durante o restauro 1988 parede da nade lado do evangelho c vestig. pre existentes 2010 armario em talha sonia basto cadeiral 2010 sónia basto fachada lateral esquerda demolição anexos José marques Abreu Júnior Igreja miranda do DOuro - Gravura antiga DGEMN naves antes das obras Domingos alvão naves antes das obras, vista a partir do coro Domingos Alvão retabulo de são jerónimo 2004 retabulo do nosso senhor da piedade ático 2004 retabulo do santissimo 2004 retábulo do santissimo, camarim 2004 retábulo mor 2004 retabulo mor ático 2004 retabulo mor eixo da epistola 2004 retabulo mor painel central 2004 retábulo mor eixo do lado do evangelho 2004 retabulo mor painel central 2004 retábulo-mor banco pormenor 2004 SIPAImage (9) SIPAImage (10)

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